Mais uma vez atrasados ⏰
Como encontrar conteúdo no streaming? + OnlyFans no outdoor + A dificuldade de doar algo no Marketplace + Câmeras descartáveis para um cotidiano real
O Brasil acordou para a necessidade de regular as redes sociais e talvez seja tarde demais.
Enquanto um projeto de lei busca restringir o acesso de menores de 16 anos ao Instagram, TikTok e similares, a realidade é que uma geração inteira já cresceu viciada em algoritmos de recomendação. Mesmo a proposta de multas de R$ 1 milhão para irrisórias diante dos bilhões faturado pelas plataformas.
A disputa entre as big techs revela um jogo de empurra. A Meta quer que Apple e Google realizem a verificação de idade, enquanto ambas empresas devolvem a responsabilidade para Meta. É o velho truque de fragmentar a culpa até que ninguém seja responsável por nada.
Enquanto isso, 86% dos pais brasileiros desejam limites para os pequenos de acordo com uma pesquisa encomendada pela própria Meta, talvez uma jogada de marketing para parecer se importar com o problema que ela mesma criou.
A Europa investiga gigantes da pornografia online por permitirem acesso de menores mediante uma auto declaração de maioridade. Pornhub, XNXX e outras plataformas descobriram que um simples clique na mensagem "tenho mais de 18 anos" não é verificação suficiente (quem imaginaria?). No Brasil, os crimes digitais envolvendo adolescentes têm se tornado mais graves.
O Comitê Gestor da Internet no Brasil lançou uma consulta pública para construir princípios regulatórios. A convocação à sociedade é louvável, mas deveria ter acontecido uma década atrás. Agora é como tentar controlar a pólvora depois que o estopim já foi aceso. O CGI.br fala em "soberania nacional" e "liberdade de expressão" num cenário em que essas plataformas já têm impacto no cotidiano de uma geração inteira.
A verdade é que está se tentando regular algo que já nos regulou. Além de definir o que consumimos, os algoritmos moldam como pensamos, com quem nos relacionamos e até como nos sentimos sobre nós mesmos.
Enquanto elaboramos leis e consultas públicas, as big techs seguem na coleta de dados de crianças para treinar suas IA com base em comportamentos infantis para lucrar com a vulnerabilidade psicológica dos jovens.
Talvez a pergunta não seja mais como regular essas plataformas e sim se ainda há tempo de proteger uma geração que nasceu já sendo um produto.
Bits 💾
Boa sorte procurando. Na era do streaming, escolher algo para assistir virou uma tarefa à parte. O excesso de plataformas, a profusão de títulos e os algoritmos desajustados têm afastado até os entusiastas. O novo filme de Wes Anderson segue desconhecido até por críticos experientes. A Salon explica bem esse drama num texto cheio de humor.
Dreno. O problema da criação de um data center para o TikTok no interior do Ceará explicado de maneira didática pelo Intercept.
Propaganda. Uma moda que (ainda?) não chegou por aqui: estrelas do OnlyFans nos EUA anunciam em outdoors em rodovias movimentadas [UserMag]
Chave. Em breve, o ChatGPT servirá como opção de login facilitado, como acontece hoje com seus perfis no Google, Facebook e Apple [Tech Crunch]
Cara-Crachá. Indiquei no RESUMIDO dessa semana Mountainhead, filme que está disponível na Max (HBO, sei lá o nome hoje…) e a Esquire fez um quem é quem do filme na vida real [Esquire]
No RESUMIDO #316: jovens vendem a própria privacidade, robôs avaliam aparência, IA funciona melhor sob ameaça (mas resiste ser desligada), canguru fake viraliza, clubes de futebol temem colapso com restrição à publicidade de apostas e muito mais! Escute agora mesmo na sua plataforma de áudio predileta!
Impresso. A Phillips disponibilizará modelos de impressão 3D para peças de eletrodomésticos antigos que necessitem reparo [The Verge]
(Bio)impresso. Agora é possível “imprimir” tecidos dentro das pessoas durante alguns procedimentos, descartando a necessidade de cirurgias [Singularity]
Moderador. Um dos usuários mais ativos do Community Notes, a plataforma de moderação coletiva do X/Twitter é… um anti-vírus. E o trabalho nem é tão ruim [Indicator]
Pecado. Um projeto de lei quer isentar igrejas e partidos políticos da Lei Geral de Proteção de Dados. Deus do céu… [Agência Câmara]
Fake. Uma startup que dizia automatizar processos de software com IA, na realidade usava 700 engenheiros na Índia, até que o golpe foi descoberto [Exame]
Viral. Como (e porque) uma lista de recomendação de livros gerada com IA (e cheia de erros) foi reproduzida em diverspos jornais [NPR]
Ajudante. O X/Twitter terá uma ferramenta de chatbot para ajudar o usuário com tarefas da plataforma [Tech Crunch]
Dona de tudo. Após anos de disputas judiciais, Taylor Swift readquiriu os direitos autorais dos seus primeiros seis discos (que ela chegou até a regravar) [BBC]
Tentativa. A Sony quase teve seu próprio iPod. A ideia, que não deu certo, fala muito sobre o consumo de música no início da era da internet [ObsoleteSony]
Dispositivo. Um novo modelo de lentes de contato pode ajudar daltônicos a enxergar cores corretamente [Futurism]
Ops... Um geoguesser, pessoa especialista em identificar lugares a partir de imagens do Google Maps e Google Earth, descobriu que Carla Zambelli não está na Itália, como disse [O Globo]
Festa JuninIA. Uma prefeitura do Pará utilizou o Google Veo3 (falei sobre a nova ferramenta de vídeo no episódio do RESUMIDO dessa semana!) para divulgar uma festa de São João e dividiu opiniões [B9]
Abas abertas 📑
Memes:
É claro que o brasileiro daria o melhor uso para uma tecnologia de geração de vídeos ultra realista.
Se você não tem grana para um ensaio de fotos para sua banda, pode tentar esse caminho.
Essa moça só queria DOAR algo pelo Facebook Marketplace, mas é mais complicado do que parece.
Utilidades:
Agora o NotebookLM permite compartilhar as notas feitas em documentos.
Como saber se seu CPF foi exposto em algum vazamento de dados.
Dicas de como melhorar o uso do alt-tab no Windows.
Escuta só! 🎧
Uma playlist com curadoria 100% humana, atualizada toda semana, com o melhor do que escutei recentemente.
Pega a visão 👁️
O fotógrafo Brian Baldatri empresta câmeras descartáveis para desconhecidos registrarem seus cotidianos sem o uso de telas. Os resultados são lindos e bastante sensíveis, como esse do menino Guilherme, de Pouso de Cajaíba. No perfil do fotógrafo tem mais ensaios.