É o fim do happy hour 🍸
+ Sejam bem vindos leitores do Forastieri! + Fotos banais podem dizer onde você está + Suzanne Vega e o MP3 + Jorge Aragão e o ChatGPT + Como montar um PC gamer + A arte no ecstasy
Enquanto debatemos se a IA vai ou não "roubar" nossos empregos, algumas empresas já decidiram a questão por conta própria.
Ocado, IBM e Klarna substituíram equipes inteiras por sistemas automatizados. Mesmo assim, isso não conta como "substituição em larga escala". Pelo menos é o que alguns relatórios otimistas querem nos fazer acreditar.
Esta transformação será silenciosa. Os robôs não vão nos demitir de uma vez só, será um processo. Eles já estão aqui, trabalhando ao nosso lado, até definirem que não precisam mais da nossa participação.
Dario Amodei, CEO da Anthropic, não está otimista. Ele estima que 10% a 20% da força de trabalho dos EUA perderá o emprego nos próximos anos, especialmente em cargos de entrada nas áreas de finanças, tecnologia e direito. Para Dario, estamos subestimando o impacto da IA.
É curioso como o sujeito que desenvolve os sistemas que vão nos substituir pareça tão preocupado com as consequências. Talvez ele saiba de algo que o resto de nós ainda não percebeu.
A narrativa de que “tecnologias disruptivas sempre criam mais empregos do que destroem" soa familiar, só que dessa vez pode estar desatualizada. A mecanização agrícola e os computadores pessoais eventualmente geraram novas oportunidades, é vedade. Acontece que a IA é diferente, ela não apenas automatiza tarefas físicas, ela replica processos cognitivos. Quando uma máquina pode escrever, analisar, planejar e até "criar", o que nos resta como diferencial competitivo? Não pode ser a capacidade de tomar cafezinho no intervalo.
Falando em cafezinho, até os happy hours corporativos estão em baixa. A tradição de confraternizar após o expediente sumiu junto com outras práticas que por muito tempo definiram o que era "ir trabalhar". Trabalho remoto, traumas da pandemia e uma geração que prefere limites bem definidos entre vida pessoal e profissional sepultaram de vez aqueles encontros regados a álcool e conversas forçadas sobre planilhas.
Ironicamente, no momento em que as máquinas buscam se humanizar, nós nos tornamos mais robóticos. Trabalhamos isolados em casa, nos comunicamos por chat, participamos de reuniões em telas e avaliamos nossa produtividade em métricas algorítmicas.
Quando a socialização passa a ser algo "inadequado" e a eficiência vira uma obsessão, talvez já estejamos vivendo num mundo onde não somos mais necessários. Ao menos não como antigamente.
O futuro do trabalho talvez possa não ser sobre humanos x máquinas e sim sobre como seguimos sendo algo que as máquinas não consigam replicar. Aos algoritmos, restaria continuar aprendendo e evoluindo para fazer tudo mais rápido enquanto não curtimos o happy hour.
Bits 💾
Eleições virando a esquina
Focado nas eleições de 2026, o Partido Liberal realizou em Fortaleza um seminário com palestras de executivos da Meta e do Google para ensinar como usar ferramentas de inteligência artificial para potencializar campanhas políticas. [The Intercept]
Viciante
O autor desta newsletter descreveu sua frustração ao tentar usar um assistente de IA e reflete sobre os riscos do uso contínuo dessas ferramentas. O que deveria ser um atalho para maior produtividade acabou sendo um labirinto de erros e imprecisões.
Futuro
Em parceria com a empresa americana DrumWave, a estatal brasileira Dataprev está testando o uso de carteiras digitais que permitem aos usuários armazenar e vender seus dados, como forma de participação no mercado global de big data, estimado em bilhões de dólares. É uma tentativa de conciliar interesses públicos e privados em prol da cidadania digital. [Rest of World]
Tudo é público
A banalização do compartilhamento de dados pessoais online é ainda mais preocupante com o avanço das IA. Até mesmo a foto de uma criança brincando na praia com o mar ao fundo pode bastar para definir a localização por ferramentas como o o3, da OpenAI, a partir dos padrões das ondas, tipo de areia e inclinação do terreno [Vox]
No RESUMIDO #317: a apresentadora virtual Marisa Maiô estoura online, Hollywood adota IA na encolha, o ressurgimento da mídia impressa graça a exaustão digital, fogo no parquinho dos tech bros, guerra de drones e muito mais! Escute agora mesmo na sua plataforma de áudio predileta.
Cruzada. O Papa Leão XIV quer que a IA pare de ser tratada como Deus [Politico]
Bip bip. Caminhões autônomos já são uma realidade nas rodovias do Texas, como mostra o vídeo do More Perfect Union.
Estratégia. Esse cara já foi banido e readmitido no X/Twitter diversas vezes, mas continua usando vídeos provocativos, ataques políticos e teorias da conspiração para conquistar audiência [New York Times]
Onde está o Wally. Carla Zambelli foi localizada por um geoguesser. Conheça o YouTuber que grava esse tipo de vídeo e entenda um pouco mais sobre esse jogo [G1]
Genesis. O que a cantora Suzanne Vega tem a ver com a criação do Mp3? Tudo [HQ Sem Roteiro]
Vendo em dobro. Uma breve história dos hologramas [Magnify Videos]
Batidão. O funk carioca agora é reconhecido como gênero na plataforma Beatport, a maior plataforma de produtores e DJs de música eletrônica no mundo [João Brasil]
ProduzIdA. O Timbaland, produtor que já trabalhou com nomes como Justin Timberlake e Missy Eliott, lançou cantora de IA [How Songs Are Made]
Boom! A China vai apostar em IA para detectar de ataques nucleares, mesmo sabendo do risco de vazamento de informações [South China Morning Post]
Blockbuster. Luca Guadanino vai dirigir um filme sobre a história da OpenAI para a MGM/Amazon [The Hollywood Reporter]
Realidade. Experiência imersiva é o novo trunfo pra levar pessoas pro cinema nos EUA [O Globo]
Blogueira. O Claude, a IA da Anthropic, agora tem seu próprio blog [Tech Crunch]
Andor LA. As manifestações contra as políticas de imigração dos EUA estão sendo comparadas com a série “Andor”, da franquia Guerra nas Estrelas [Desafiador do Desconhecido]
Se você frequentava bancas nos anos 90, é grande a chance de você ter sido leitor da revista HERÓI. Focada em cultura pop, a revista foi pioneira ao abordar temas como séries de TV, quadrinhos, cinema fantástico e tokusatsu.
A HERÓI foi publicada regularmente até 2003. Agora, para comemorar três décadas do seu lançamento, seu time original se reuniu para lançar a campanha de crowdfunding HERÓI 30 ANOS.
São várias recompensas pra quem apoiar o projeto: uma edição comemorativa, a reedição do livro da HERÓI, um BOX exclusivo com produtos licenciados de personagens clássicos e um encontro presencial fechado, para apenas 125 super fãs da revista.
Para apoiar o projeto e saber mais detalhes, é só acessar o Catarse do projeto e colaborar!
Abas abertas 📑
Memes:
Por que homens bilionários são baixinhos? Um ensaio.
Jorge Aragão conta sua experiência com o ChatGPT (sério).
As falas do Elon Musk parecem muito com as de um certo personagem da ficção.
A série Silicon Valley, da HBO, já tinha previsto nossa relação com as IA.
Utilidades:
Um app para gerenciar notificações no Android.
Quer montar um PC gamer pra ver como vai ficar? Esse site resolve seu problema.
Códigos específicos de categorização da Netflix para encontrar o que assistir na plataforma. Em inglês, mas tem coisas como “Canadian Christmas children & family films” ou “Music & concert documentaries”. Só clicar que te manda pra busca de itens da categoria dentro do streaming.
Escuta só! 🎧
Uma playlist com curadoria 100% humana, atualizada toda semana, com o melhor do que escutei recentemente.
Pega a visão 👁️
Comprimidos de ecstasy são obras de arte. Para Adam Fierman e Peter Andrew Lusztyk, artistas plásticos, as pílulas são o retrato de uma geração de festas e da cultura da música eletrônica. A Vice (quem mais?) entrevistou a dupla sobre o livro que organizaram só com exemplos dessa arte bem peculiar.